terça-feira, 11 de setembro de 2012

E agora o amanhã, cadê?



Dirigimos nossas vidas cotidianamente numa buscando por felicidade, queremos ter menos sofrimento, insatisfações, ansiedade, frustrações, angustia, e problemas no coração e na mente. Todos nos queremos paz, uma felicidade maior, alguns denominam essa procura como um trabalho dos sonhos, outros como um parceiro para toda vida, tem os que colocam isso num lugar ou numa posse, bem cada qual de nos dá nomes diferentes para os seus desejos e anseios de felicidade, como se a felicidade pudesse ser mensurada nos nossos desejos, e restringida a coisas que vivemos e procuramos ao nosso redor.

Estamos sempre indagando, eu seria feliz com fulana, estaria feliz em tal emprego, se eu vivesse em tal lugar realmente seria feliz, se eu tivesse dinheiro poderia ser feliz, com aquele carro eu seria feliz, porem com o passar do tempo vamos amadurecendo, e descobrindo que nada disso é verdade, ninguém nem nada lá fora realmente pode nós fazer felizes de verdade.

O nosso sofrimento acontece porque supomos que existem caminhos mais seguros que outros, que existem formas de agir e ser melhores que outros, que existe uma estabilidade e que ela pode ser encontrada aqui ou ali. Colocamos para nos mesmos, que a felicidade está em uma pessoa e não em outra, e assim passamos a viva procurando essas posições, locais, posses, identidades e pessoas.

Então sempre que essa ilusão de segurança, de uma pessoa, um lugar, algo, se mostra contraria as nossas expectativas, acabamos emergidos pela insatisfação “o príncipe não é ele, esse emprego não era tudo que eu imaginava, o paraíso não é aqui,” Isso quando não começamos á nos sabotar “ é bom namorar mas eu era mais feliz quando tinha minha liberdade, esse emprego é bom mas no outro eu era mais feliz”. Sempre acabamos procurando a felicidade ou o que seja em outros lugares, quando achamos que finalmente encontramos, apelamos e gerimos em nós o desconforto, vontade de se mover, procuramos conselhos, alguém que nos ajude, decisões calculadas, em fim, mesmo quando conseguimos o que supúnhamos que nos faria felizes, tendemos a não nos contentar e geramos uma grande frustração que nos faz procurar novas respostas fora de nos mesmos.

O que esquecemos é que as coisas são “impermanentes” e que nossas vidas oscilam muito, que nossos pensamentos, desejos mudam constantemente, estamos em constante mudança. Mas vivemos buscando no outro a felicidade, idealizamos coisas abstratas como o amor e a felicidade, e esperamos que o outro supra os anseios que jogamos em cima deles. Muitas vezes queremos ser amados, mais na realidade queremos o que significa ser amado, esquecemos que cada um de nós cria suas próprias definições, cada um de nós faz definições. Para eu ser amado poderia significar ter alguém que me cuide e dê segurança, porem para outra pessoa poderia ser alguém que escute e apoie já outra pode dizer que lhe deseje. E essa é uma das grandes fontes de sofrimento, pois nós sempre desejamos que a outra pessoa sinta, faça, realize nossos anseios, que nós de segurança, apoio, amor, vivemos esperando o outro tomar atitude, quando nos mesmos que deveríamos tomar a iniciativa.

Em vez de esperar ser desejado, devemos simplesmente desejar, fazer o que temos vontade, vivemos querendo alguém que nos proteja que cuide de nos, porem quantas vezes nós cuidamos de nos mesmos, em vez de esperar o outro fazer o que desejamos, devemos simplesmente fazer e então vamos experimentar uma liberdade única, uma sensação de estar vivo.

Vivemos em um grande oceano caótico, aonde existem diversas ondas, elas são nossas escolhas, acontecimentos, opções, como por exemplo, escolher fazer tal curso, ir naquele show, escolher ir para tal lugar e não para outro, e em meio a esse mar cheio de ondas gigantescas cada um de nos é apenas um barquinho. As enormes ondas nos levam para todos os lados, e às vezes sem querer, somos levados pelas ondas até outro barco, e acabamos criando uma aliança, nossos barcos criam um elo e ficamos tentando manter uma proximidade, só que às vezes as ondas internas ou externas são muito maiores que essas alianças feitas. Logo essas alianças às vezes duram uma noite, ou dias, até mesmo para sempre, porem o mar continua ali, ondas indo e vindo, nos puxando e empurrando, juntando e separando pessoas, se algo termina não significa que foi ruim, foi algo bom, o importante é terem acontecido, termos vivido com intensidade, com nossa verdade. Além do que não se julga nada por que termino, é bom terminar, para que novos encontros aconteçam, o próprio universo vai acabar um dia, e só por isso vamos dizer que não vale apena viver nele? As coisas às vezes terminam no meio apenas, às vezes seguem sem sentindo ate alguém ter a coragem para terminar, outras vezes elas terminam e recomeçam, é assim a vida, A questão não é se deu certo ou errado, e sim se você viveu o encontro com toda sua verdade, em plenitude, estamos aqui apenas para fazer de cada encontro algo especial, único, genuíno.

O quanto antes entendermos que não existe uma verdade absoluta, que vivemos buscando coisas que na realidade sempre estiveram dentro de nós, de que não é o que esta fora e sim dentro. Nosso sofrimento vem de nos mesmos, de nossas ondas internas, de nossas estruturas e crenças. Nossos medos e inseguranças fazem tanto dano que temos medo de fazer o que desejamos, de sermos livres, em vez disso cobramos sentimentos, ações dos outros, vivemos sendo afetados, quando na realidade a única coisa que podemos fazer é afetar as pessoas, em vez de ficar procurando respostas nos outros devemos ser nossas próprias respostas.

Se realmente queremos ser felizes, encontrar contentamento, liberação da ansiedade, só existe uma maneira, você não tem que ser religioso, não tem que ser espiritual, você apenas tem que ser realistas. E isso é conseguir reconhecer que a única forma de encontrar satisfação, um sentido maior na vida, uma maior felicidade, realização, é cultivar seu próprio coração e mente. Apenas temos que ser realistas, viver uma vida suave, cuidar dos danos que ações e pensamentos, medos e inseguranças causam, assim não prejudicamos os outros nem nos mesmos. Começar a cuidar mais de nos, ter uma vida mais tranquila, mais harmônica, nos livrar das aflições, conflitos internos, dedicar mais tempo ao eu, a nos mesmos. Ser realista significa descobrir que em vez de sair por ai tentando achar alguma felicidade externa, devemos cultiva-la com nossos próprios corações e mentes, aprendendo a relaxar corpo e mente, sem estresse, tensões e contrações, praticar o desapego, cultivar uma calma interna, uma serenidade e quietude interna, uma presença. De forma a não estarmos mais distraídos, inquietos, agitados, desenvolvendo um interior estável e relaxado, capaz de uma maior clareza e vivacidade.

Só assim vamos poder abrir os olho e viver realmente as aferências e eferências da vida, pois com maior tranquilidade e controle, vai nos possibilitar um real encontro com o outro, com uma maior proximidade, realmente vamos ser capazes de focar no outro, e não mais sendo iludidos pelos nossos próprios pensamentos, esperanças, medos; Possibilitando realmente focar nas necessidades dos outros, assim expandindo nossas mentes e corações ate o próximo, vamos obter a felicidade simplesmente amando e só, sem ficar esperando algo em troca. Então em vez de ficar pensando entre ir ou ficar, apenas supere suas aflições, controlando suas expectativas, e em vez de querer, seja, distribua e compartilhe carinho, amor, amizade, felicidade, nunca esqueça que as insatisfações são monstros criados pela nossa própria mente e corpo, logo apenas nós mesmos podemos vencê-los. 



"O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece"
 Charles Bukowski


"Seja a mudança que você quer ver no mundo."
 Dalai Lama