terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Delírios de um grão de areia ao vento...



Um corpo sem alma, apenas uma carcaça atormentada pelos seus medos, assombrada por suas desilusões. Tão linda, e rodeada de amigos, porem sozinha, com seus lindos olhos azuis que até podem enganar numa primeira vista, mas que entregam sua melancolia, olhos estes que um dia já foram como o mar mediterrâneo, profundos, com explosão de vida, porem hoje não passam de um reflexo do mar morto, rasos, escuros, tristes e sem vida.

Sempre ocupada, repleta de compromissos e responsabilidades, de festas e jantares, tudo para gastar o tempo, fazer o relógio correr, apenas mais uma tentativa para fugir de si mesma, do vazio, dos pensamentos que tanto á fazem sofrer.

Ela vaga pelos dias e noites, perdida num labirinto de escuridão, onde com alguma sorte, esbarra em seres de luz, que conseguem minimamente á distrair, iluminarem por algum tempo sua vã e solitária jornada atrás da menininha sonhadora, dos olhos brilhantes, e que por mais difícil fossem os dias, sempre tinha um esplendoroso sorriso.

Ela talvez coloque em mim e em todos os outros o seu farol, a luz que vai lhe salvar do naufrágio da sua vida, por isso dos testes, os jogos, sempre se transmutando em areia para esvair entre os dedos, dando um reset no ciclo do encantamento, obrigando os interessados a todo novo dia começarem do zero a arte de encanta-la e se por acaso, algum dos pretendentes conseguirem chegar um pouquinho mais próximo de sua verdadeira expressão, do seu vazio, de seu eu interior, a face que ela tanto repugna e tenta esconder, ela simplesmente se fecha, usa a sua insatisfação crônica como sinônimo de enjoou para fugir.

Mas ai esta o grande engano dela, ninguém pode ser sua lua cheia, muito menos o seu sol, a questão nunca foi voltar á confiar nos outros, não está em mim sua segurança, não esta nas idealizações do passado, ou em qualquer outro, mais sim dentro dela, quando ela conseguir abandonar sua típica insegurança, e parar de jogar para os outros suas responsabilidades, e começar a se jogar na vida, entender que ser feliz é complicado mesmo, porem que depende apenas de nós mesmos, que a moral da historia é confiar na intuição, virar paginas, viver a vida sem medos, viver os medos.

Consigo entender esse encanto da natureza que foi tão desprezada por animais idiotas, pois ela não passa de uma sombra do que já fui, um mero reflexo das minhas frustrações passadas, olhar para ela, é ver quem eu era, por isso nunca poderei ser um pilar, um farol para ela, porque apenas sou mais um barco em meio ao mar, em idas e vindas.

A única coisa que me cabe, é ajudar outros barcos, sendo um refresco de vida, levar um pouco de alegria e risos, pois há muito tempo já desvendei os segredos da areia. Ela é muito esperta, frágil e escorregadia, porem em meio aos seus delírios de insegurança, vive na ilusão, crendo que está no comando, que é quem decide. Eis o maior engano de todos, quando a areia se esvai pelos dedos, ela apenas esta nos obrigados a escolher, esticando ao limite nossa paciência, demonstrando toda sua insegurança, testando a força de nossa fé nela, porem isso nos faz outorgar os diversos caminhos em apenas dois, ou continuamos tentando segurar de novo e de novo a areia, ou apenas deixamos o vento levar ela embora e seguimos em frente. Então no fim, não é a areia que decide se fica ou não, ela apenas força uma limitação de escolhas, mas cabe à mão decidir se continua tentando cativar a areia, ou deixar, por isso mesmo, sua instabilidade não passa de um mero melindre para satisfazer seus anseios por esperança.  

"tinha medo de ficar só por muito tempo, medo das muitas veleidades de ternura, honestidade e carinho a que me sentia continuamente inclinado, medo dos ternos pensamentos amorosos que com tanta frequência me assaltavam"

“A maior parte de nós não é tão forte. O que é a honra comparada com o amor de uma mulher? (…) Vento e palavras. Vento e palavras. Somos apenas humanos e os deuses nos moldaram para o amor. Esta é a nossa grande glória e a nossa grande tragédia”. 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Rodopiando ao som dos bandolins



Uma síntese da natureza, antagônica a todas as outras gurias. Não gosta de multidões, de badalações, sempre cercada de pretendentes, de amigos, mas sempre sozinha, dentro de seu próprio universo. Com olhos que mais parecem duas bolitas castanhas, enxergava o mundo de outro ângulo, conseguia transitar entre o real e irreal, uma verdadeira garimpeira de lugares. Sempre com mania de perambular pelas ruas das cidades, nos horários mais alternativos, apenas com sua velha maquina fotográfica. De um click aqui e outro ali, conseguia impactar e encantar as pessoas. Era a forma que tinha de tocar as pessoas, de mostrar esse tal universo paralelo por onde transitava. Sempre uma incógnita, era impossível prever suas ações, se movia e agia ao seu bel prazer, uma força livre como o vento. Muitas vezes simplesmente parava em meio a vielas e ruas e ficava observando, olhava para cima, para baixo, procurando uma forma de conectar o seu mundo ao nosso. Suas fotos, seu olhar, juntavam o passado com o contemporâneo, conseguia transmitir a nostalgia de prédios velhos, de lugares abandonados e menosprezados pelas pessoas. Fazia do silencio uma orquestra de imagens.

Morena dos olhos mais risonhos que já conheci, olhos que conseguiam penetrar e invadir nosso ímpeto, sempre achei que ela conseguia deslumbrar os pensamentos de quem por engano se perdia naqueles grandes olhos castanhos. Mas, carregava uma insatisfação crônica, certo ar de melancolia, por não conseguir encontrar um lugar no nosso mundo, por ter nascido na época errada. Tinha uma lista enorme de corações partidos, raramente ficava mais que três meses com alguém, era independente de mais para homens tão dependentes e inseguros, sempre muito intensa, amava e esquecia como ninguém, a e como esquecia bem. Ela era a definição perfeita de contradição, amava o que era antigo tanto quanto não aguentava a mesmice das coisas, por isso talvez vivesse trocando de namorado, nunca jogava o que ganhava fora, mas não perdia muito tempo pensando nos donos dos presentes. Como ela mesma dizia: “por que eu deveria pensar no passado”. Uma grande contradição para quem vivia flertando o passado com o olhar e a maquina fotográfica.

Adorava teatros, já cinema, era uma epopeia para ver um filme com ela, sempre aparecia dois três minutos antes de o filme começar, sem nunca deixar de ir a bilheteria e perguntar: “Tem quantas pessoas?”. Ai, se tivesse mais de meia dúzia de gatos pingados, já dava meia volta e saia para algum boteco, bar ou pub sem nem dar satisfação, apenas saia andando. Só na terceira, quarta tentativa que entendi, ou acho que entendi, o cinema era o único lugar aonde ela trocava sua solidão, o silencio, pelo som das suas palavras, e ela realmente falava, passava o filme todo analisando, criticando, e conversando.

Nunca reclamava, a não ser quando andava pela Andradas, dizia que lá era o exemplo vivo da degradação humana, o porquê preferia a solidão, vivia reclamando: “para que esses carros, porque tanta gente, isso tudo atrapalha meu pensamento, olha como poluem meu mundo, tão sempre correndo, todos egoístas, não ligam, não vêem o que estão perdendo, não sentem, não vivem, até as estatuas tem mais vida que esses objetos vazios que ficam andando de um lado para o outro”. Ai, já viu, ficava emburrada, olhando para o vazio, ate que depois de incontáveis minutos de silencio, desligava a sua maquina fotográfica, e dizia: “Droga, vamos...”. E eu já sabia que ela queria ir para algum boteco, tomar algo forte o suficiente para desliga-la do mundo. Há, mas como ela ficava bonita irritada, sempre que eu podia retrucava: “Aonde ?”, ela fechava mais ainda aquele lindo rosto, e apenas esboçava um “ Não te faz, tu sabe” e continuava andando. Não discutia, na verdade não me lembro de termos discutido uma única vez, sempre quando não gostava de algo apenas levantava e saia andando. 


Ela é assim, uma armadilha da natureza, consegue atrair apenas com o olhar e encantar com seu silencio, porem é praticamente inalcançável, é pura essência, uma ilusão que termina antes mesmo de virar realidade. Um verdadeiro desafio, que todos querem ter, mas ninguém conseguiu, com sorte alguns passam certo tempo ao seu lado,o que já é motivo de comemoração, pois assim pelo menos aprendem á apaziguar o coração com o silencio dos lábios dela e dos recantos mais surpreendentes da cidade.


"Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade."
Pablo Neruda


terça-feira, 18 de setembro de 2012

Anti-herói



Janela piscando, telefone tocando, e eu que achava que ele tinha desistido de me procurar, que já tinha abandonado essa ingênua ideia de “nós”. Esse sempre foi o grande problema dele, achar que o seu amor era maior que minha razão, admito que no começo, mas sabe bem no começo era bom todo aquele carinho, ter um alguém em quem confiar, e ter nossos momentos ofegantes. Ele às vezes deve até me acusar de fria, mas eu fria, como se muitas vezes até durmo abraçada em algum dos muitos bichinhos de pelúcia que ganhei dele. Não sou fria, e sim realista, eu tenho meus objetivos e planos, minha carreira, não tenho tempo para ilusões de um menino mimado. O que tivemos foi bacana, mas como eu disse, foi no passado, eu não tenho tempo para distrações, e dar trela para ele, seria se perde nos desvios, é querer ver muita curva numa linha reta. Ele fica procurando soluções e respostas para remediar o fim, apela para as nossas montanhas russas, mas ele bem sabe que sempre preferi maria-fumaça. Eu apenas resolvi seguir minha razão, o sexo eu consigo quando quero, carinho tenho das minhas amigas, companheirismo nada melhor que o cachorrinho que comprei que por sinal é um amorzinho, agora a dor de cabeça, bem, isso tenho sempre que meu ex vem me procurar.

-Eu sou apenas mais um desses meninos, que se mascaram de fortes, que vivem perambulando pelas noites, procurando copos cheios e corpos vazios. Com uma barba mal feita, e desapego no coração. Busco por semelhantes, por mulheres abandonadas e na sarjeta, que não preciso dar satisfação nem ligar no dia seguinte. Procuro a solidão, não me proponho a iludir e machucar quem me ama, fujo do carinho e conforto. Eu tenho um pouco de medo disso, de amar outra e acabar te esquecendo, de sem querer perde tudo isso que nutro por você. Eu até poderia me torna um misantropo, mas sou egoísta de mais para tanto, preciso conviver com os vazios e solidões alheias, tendo para os vícios sou um anti-herói vendido. Vivo entre profanos e anjos caídos, onde amar não passa de orgasmo e intimidade de uma conta de motel. Barganhei minha felicidade por diversão, noites de perversão e manhãs de ressaca sem lembranças.

Encho o copo mais uma vez antes de notar, que nem na metade ele estava, isso é a ansiedade eu sei, não sei lidar com as coisas quando elas fogem do controle, e a garganta fica seca quando percebo que as coisas estão indo por um caminho que não consigo prever. Preciso virar o copo, afogar meu masoquismo sentimental que vive em crise ano após ano, não sei se queimo a velha foto de nós, se ligo para pretensiosamente saber se ela sentiu saudade, mas o problema mesmo é quando toca aquela antiga musica, recheada de lembranças e a velha paranoia que de ver o rosto dela se refletir nos rostos das outras mulheres, isso sim me estraga. Já tentei passar uma borracha e seguir em frente, mas como, superar é uma coisa, esquecer é outra, mas apagar, a isso é impossível.

Morena, você era o mundo para mim, e decidiu não ser mais, eu só queria o teu amor, e você queria o resto, tenho a impressão que por mais que eu me enterre, e me perca no que possa existir de mais mundano e deprimente, num plano sem destino certo, apenas um gole de cada vez. Sempre que tu reaparecer, vai conseguir causar um frio na barriga, uma sensação estranha, muito além da razão, aquele velho habito que eu tinha de acreditar nos clichês.



"Somos finos como papel. Existimos por acaso entre as porcentagens, temporariamente. E esta é a melhor e a pior parte, o fator temporal. E não há nada que se possa fazer sobre isso. Você pode sentar no topo de uma montanha e meditar por décadas e nada vai mudar. Você pode mudar a si mesmo para ser aceitável, mas talvez isso também esteja errado. Talvez pensemos demais. Sinta mais, pense menos."
Charles Bukowski




sábado, 15 de setembro de 2012

Coisas do 258 dia do ano ou se preferirem de 15 de setembro.



Uma centena de goles para ter a coragem de falar contigo, para que em cinco minutos me castigue com a frieza do teu desinteresse.

Por mais doido que pareça eu te entendo, na verdade eu ate mereço, obvio que todo esse seu distanciamento é apenas comigo, é a forma que tu encontro de me dizer:

- Eu não quero carregar o peso dos teus devaneios de futuro, não, eu não quero ser a tal pessoa da tua vida. Não existem pontas soltas, pelo contrario, tudo foi muito bem resolvido. E quer saber vai embora, seja homem, cumpra com a tua palavra, já devia ter seguido teu caminho há muito tempo, eu sei me virar. Fala que vai, mas sempre volta. O que você acha que tá tentando fazer. Eu nunca te prometi nada, já basta à pressão e tensão que enfrento diariamente, e tu ainda fica vindo com esse teu papo furado. Daqui a pouco tem tuas expectativas frustradas e a dai, vai me culpar, vai promover mais um dos teus já batidos dramas.
Não quero isso para minha vida, nunca quis esse lugar de mulher da tua vida, não quero esse cargo, assumir essa responsabilidade seria o mesmo que pisar com o salto agulha na sua progressão equivocada de mim. Não quero essa culpa comigo. Sim, culpa, você decepcionado, e eu, decepcionada por decepcionar você. E não é que eu seja imatura ou infantil, e sim por que você sempre quer mais, nunca é o suficiente, você deveria parar de dar tanto valor para alguns meses de intimidade e me esquecer.

...Na verdade eu mereço... Sim tudo isso pode ou não ser real, porem com a mesma severidade que sou tratado, eu trato todas as outras. Talvez seja um grande equivoco um belo erro, uma grande ironia, mas o que posso fazer. De repente o mundo peso, tudo se torno tão pesado, fui tomado pela desesperança e medo. De não saber o que esperar, e ao mesmo tempo esperar que você saiba. Seus discos favoritos, hoje são os meus, teus autores queridos hoje preenchem minha estante, muitas manias suas são minhas agora, mesmo sem querer hoje vejo muitas coisas do mundo com teus olhos, hoje me vejo nos teus olhos, ou nos olho da projeção que faço de você. E do mesmo jeito adorável que sou escanteado da tua vida, faço isso com todos os meus quase meios amores. Mas acima de tudo hoje vivemos bem, cada um em seu caminho.





"13 Linhas Para Viver
1. Gosto de você não por quem você é, mas por quem sou quando estou contigo.
2. Ninguém merece tuas lágrimas, e quem as merece não te fará chorar.
3. Só porque alguém não te ama como você quer, não significa que este alguém não te ame com todo o seu ser.
4. Um verdadeiro amigo é quem te pega pela mão e te toca o coração.
5. A pior forma de sentir falta de alguém é estar sentado a seu lado e saber que nunca vai poder tê-lo.
6. Nunca deixes de sorrir, nem mesmo quando estiver triste, porque nunca se sabe quem pode se apaixonar por teu sorriso.
7. Pode ser que você seja somente uma pessoa para o mundo, mas para uma pessoa você seja o mundo.
8. Não passe o tempo com alguém que não esteja disposto a passar o tempo contigo.
9. Quem sabe Deus queira que você conheça muita gente errada antes que conheças a pessoa certa, para que quando afinal conheça esta pessoa saibas estar agradecido.
10. Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu.
11. Sempre haverá gente que te machuque, assim que o que você tem que fazer é seguir confiando e só ser mais cuidadoso em quem você confia duas vezes.
12. Converta-se em uma pessoa melhor e tenha certeza de saber quem você é antes de conhecer alguém e esperar que essa pessoa saiba quem você é.
13. Não se esforce tanto, as melhores coisas acontecem quando menos esperamos."

Gabriel García Marquez





terça-feira, 11 de setembro de 2012

E agora o amanhã, cadê?



Dirigimos nossas vidas cotidianamente numa buscando por felicidade, queremos ter menos sofrimento, insatisfações, ansiedade, frustrações, angustia, e problemas no coração e na mente. Todos nos queremos paz, uma felicidade maior, alguns denominam essa procura como um trabalho dos sonhos, outros como um parceiro para toda vida, tem os que colocam isso num lugar ou numa posse, bem cada qual de nos dá nomes diferentes para os seus desejos e anseios de felicidade, como se a felicidade pudesse ser mensurada nos nossos desejos, e restringida a coisas que vivemos e procuramos ao nosso redor.

Estamos sempre indagando, eu seria feliz com fulana, estaria feliz em tal emprego, se eu vivesse em tal lugar realmente seria feliz, se eu tivesse dinheiro poderia ser feliz, com aquele carro eu seria feliz, porem com o passar do tempo vamos amadurecendo, e descobrindo que nada disso é verdade, ninguém nem nada lá fora realmente pode nós fazer felizes de verdade.

O nosso sofrimento acontece porque supomos que existem caminhos mais seguros que outros, que existem formas de agir e ser melhores que outros, que existe uma estabilidade e que ela pode ser encontrada aqui ou ali. Colocamos para nos mesmos, que a felicidade está em uma pessoa e não em outra, e assim passamos a viva procurando essas posições, locais, posses, identidades e pessoas.

Então sempre que essa ilusão de segurança, de uma pessoa, um lugar, algo, se mostra contraria as nossas expectativas, acabamos emergidos pela insatisfação “o príncipe não é ele, esse emprego não era tudo que eu imaginava, o paraíso não é aqui,” Isso quando não começamos á nos sabotar “ é bom namorar mas eu era mais feliz quando tinha minha liberdade, esse emprego é bom mas no outro eu era mais feliz”. Sempre acabamos procurando a felicidade ou o que seja em outros lugares, quando achamos que finalmente encontramos, apelamos e gerimos em nós o desconforto, vontade de se mover, procuramos conselhos, alguém que nos ajude, decisões calculadas, em fim, mesmo quando conseguimos o que supúnhamos que nos faria felizes, tendemos a não nos contentar e geramos uma grande frustração que nos faz procurar novas respostas fora de nos mesmos.

O que esquecemos é que as coisas são “impermanentes” e que nossas vidas oscilam muito, que nossos pensamentos, desejos mudam constantemente, estamos em constante mudança. Mas vivemos buscando no outro a felicidade, idealizamos coisas abstratas como o amor e a felicidade, e esperamos que o outro supra os anseios que jogamos em cima deles. Muitas vezes queremos ser amados, mais na realidade queremos o que significa ser amado, esquecemos que cada um de nós cria suas próprias definições, cada um de nós faz definições. Para eu ser amado poderia significar ter alguém que me cuide e dê segurança, porem para outra pessoa poderia ser alguém que escute e apoie já outra pode dizer que lhe deseje. E essa é uma das grandes fontes de sofrimento, pois nós sempre desejamos que a outra pessoa sinta, faça, realize nossos anseios, que nós de segurança, apoio, amor, vivemos esperando o outro tomar atitude, quando nos mesmos que deveríamos tomar a iniciativa.

Em vez de esperar ser desejado, devemos simplesmente desejar, fazer o que temos vontade, vivemos querendo alguém que nos proteja que cuide de nos, porem quantas vezes nós cuidamos de nos mesmos, em vez de esperar o outro fazer o que desejamos, devemos simplesmente fazer e então vamos experimentar uma liberdade única, uma sensação de estar vivo.

Vivemos em um grande oceano caótico, aonde existem diversas ondas, elas são nossas escolhas, acontecimentos, opções, como por exemplo, escolher fazer tal curso, ir naquele show, escolher ir para tal lugar e não para outro, e em meio a esse mar cheio de ondas gigantescas cada um de nos é apenas um barquinho. As enormes ondas nos levam para todos os lados, e às vezes sem querer, somos levados pelas ondas até outro barco, e acabamos criando uma aliança, nossos barcos criam um elo e ficamos tentando manter uma proximidade, só que às vezes as ondas internas ou externas são muito maiores que essas alianças feitas. Logo essas alianças às vezes duram uma noite, ou dias, até mesmo para sempre, porem o mar continua ali, ondas indo e vindo, nos puxando e empurrando, juntando e separando pessoas, se algo termina não significa que foi ruim, foi algo bom, o importante é terem acontecido, termos vivido com intensidade, com nossa verdade. Além do que não se julga nada por que termino, é bom terminar, para que novos encontros aconteçam, o próprio universo vai acabar um dia, e só por isso vamos dizer que não vale apena viver nele? As coisas às vezes terminam no meio apenas, às vezes seguem sem sentindo ate alguém ter a coragem para terminar, outras vezes elas terminam e recomeçam, é assim a vida, A questão não é se deu certo ou errado, e sim se você viveu o encontro com toda sua verdade, em plenitude, estamos aqui apenas para fazer de cada encontro algo especial, único, genuíno.

O quanto antes entendermos que não existe uma verdade absoluta, que vivemos buscando coisas que na realidade sempre estiveram dentro de nós, de que não é o que esta fora e sim dentro. Nosso sofrimento vem de nos mesmos, de nossas ondas internas, de nossas estruturas e crenças. Nossos medos e inseguranças fazem tanto dano que temos medo de fazer o que desejamos, de sermos livres, em vez disso cobramos sentimentos, ações dos outros, vivemos sendo afetados, quando na realidade a única coisa que podemos fazer é afetar as pessoas, em vez de ficar procurando respostas nos outros devemos ser nossas próprias respostas.

Se realmente queremos ser felizes, encontrar contentamento, liberação da ansiedade, só existe uma maneira, você não tem que ser religioso, não tem que ser espiritual, você apenas tem que ser realistas. E isso é conseguir reconhecer que a única forma de encontrar satisfação, um sentido maior na vida, uma maior felicidade, realização, é cultivar seu próprio coração e mente. Apenas temos que ser realistas, viver uma vida suave, cuidar dos danos que ações e pensamentos, medos e inseguranças causam, assim não prejudicamos os outros nem nos mesmos. Começar a cuidar mais de nos, ter uma vida mais tranquila, mais harmônica, nos livrar das aflições, conflitos internos, dedicar mais tempo ao eu, a nos mesmos. Ser realista significa descobrir que em vez de sair por ai tentando achar alguma felicidade externa, devemos cultiva-la com nossos próprios corações e mentes, aprendendo a relaxar corpo e mente, sem estresse, tensões e contrações, praticar o desapego, cultivar uma calma interna, uma serenidade e quietude interna, uma presença. De forma a não estarmos mais distraídos, inquietos, agitados, desenvolvendo um interior estável e relaxado, capaz de uma maior clareza e vivacidade.

Só assim vamos poder abrir os olho e viver realmente as aferências e eferências da vida, pois com maior tranquilidade e controle, vai nos possibilitar um real encontro com o outro, com uma maior proximidade, realmente vamos ser capazes de focar no outro, e não mais sendo iludidos pelos nossos próprios pensamentos, esperanças, medos; Possibilitando realmente focar nas necessidades dos outros, assim expandindo nossas mentes e corações ate o próximo, vamos obter a felicidade simplesmente amando e só, sem ficar esperando algo em troca. Então em vez de ficar pensando entre ir ou ficar, apenas supere suas aflições, controlando suas expectativas, e em vez de querer, seja, distribua e compartilhe carinho, amor, amizade, felicidade, nunca esqueça que as insatisfações são monstros criados pela nossa própria mente e corpo, logo apenas nós mesmos podemos vencê-los. 



"O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece"
 Charles Bukowski


"Seja a mudança que você quer ver no mundo."
 Dalai Lama

domingo, 9 de setembro de 2012

Deslizes da Biografia






Como é intrigante a mente de um ser apaixonado, o mundo ganha cor e vida, coisas bobas se tornam fonte de alegria e sorrisos, a razão simplesmente se esvai por completo. A sensação de ter encontrado a outra metade da laranja, a tal alma gemia, o pensamento narcisista de se ver nos olhos da outra pessoa.

Tudo isso na realidade não passa de ilusão, apenas expectativas de ter encontrado alguém idêntico ao que somos o que gera expectativas. E amar com expectativa invariavelmente vai gerar frustração.


Mas quem disse que decisões amorosas são tomadas de modo consciente. Pelo contrario, não existe logica alguma no amor, as pessoas vão se esbarrando ate finalmente se encantarem. Tornam-se gentis, amáveis, solidarias, e muitas vezes cegas. E isso é um fato, é só observar a quantidade de casais incoerentes que existe, coerência não importa muito no amor, na verdade não importa em nada, pois estar apaixonado é estar nem ai para o que as pessoas pensam para o que acham ou deixam de achar, é apenas ter encontrado algo na outra pessoa que preenche e compreende exatamente as nossas necessidades.


Pode até parecer muito egoísta o amor, talvez ele seja, não sei ao certo, porem sem sombra de duvida se as pessoas tivessem sempre amor, e vivesse apaixonadas, o mundo seria um lugar lotado de bobos e tolos, mas certamente um lugar bem melhor de se viver.

Porem o amor é assim, uma intensidade, uma potencia, que nos arrebata nos devasta e simplesmente se vai. Algumas vezes espontaneamente, outras, bem bruscamente, o amor é isso, um tornado que entra na nossa vida e revira tudo. Os que se encontram em meio à tempestade acabam por viver e recriando o amor, com segurança, amizade, carinho, cumplicidade, vivendo dia após dia um de cada vez. Já os que se perdem completamente, ficam com a frustração, medo, angustia e obcecados por de alguma forma de voltarem a ser o que eram quando apaixonados.

Essa loucura de não se saber viver consigo mesmo, se amar, faz muitas pessoas entrarem em colapso, numa busca irracional (que na realidade é puramente racional) do amor, de um par, um alguém para salva-las delas mesmas, (isso quando elas mesmas não estão tão perdidas que ficam se “auto procurando”, procurando o seu próprio mundo, o seu lugar no universo, andando em labirintos que elas mesmas criaram, com medo de serem julgadas, de viver, do ser apaixonado que reside dentro delas) que inevitavelmente faz as pessoas cometerem terríveis enganos e desencontros. As tornando cada vez mais frustradas e desesperadas, entretanto o amor não é algo que se força, que se caça, ele simplesmente acontece, ele não está ligado na logica, na razão humana. Ele é um construtor, um vivente do irreal, não existe certo ou errado, medida, nem existe uma verdade sobre ele, cada subjetivo humano o tenta delimitar dentro das suas vivencias, experiências e desejos, e por isso mesmo que acabam se perdendo, amor não se mensura não se define amor simplesmente é amor.

Eu já errei muito, sofri e causei muitas magoas, ora na busca pelo amor ora tentando me encontrar. Muitas pessoas vivem em um sofrimento velado, umas sozinhas com medo de serem machucadas, outras vivem namorando e pulando de um relacionamento para outro, mas incrível como vivem sozinhas, nos seus âmbitos. O amor vem de formas diferentes e modos diferentes, e enganasse quem segui o ditado que “os opostos se atraem”, pode acontecer porem tende apenas a se distrair. Na verdade só se pode obter o “amor constante” quando os “dispostos se atraírem”, pois o amor se encontra nas ligações que vão se criando com as pessoas diariamente, nas intimidades desenvolvidas, nas pessoas que vão surgindo nas nossas vidas, nos apelos por abraços confortáveis, e para sentirmos isso, devemos antes de qualquer coisa estar dispostos, abertos.

Não cabe ao amor o egoísmo de pensar em si mesmo e nem mesmo o altruísmo de se esquecer de si e viver se preocupando com o outro, para o amor prevalecer devesse vive como um, pensar na sincronia do casal, nos desejos e objetivos, as pessoas tem que se ajudarem como se fossem um, não existe espaço para egocentrismo, teimosia e orgulho, tem que se ajudarem e se deixar ser ajudado, batalharem juntos, comemorar as conquistas, se apoiarem nas derrotas. E para tudo isso o mínimo é estar disposto, pois bancar toda essa carga, essa luta diária para manter o amor e ao mesmo tempo desenvolvendo um futuro não é fácil, pois cada um tem seus sonhos, seus objetivos, suas metas, suas pedras no caminho, porem tudo se torna mais fácil com o amor.

O amor vale apena, e atrai e traz coisas maravilhosas para nossas vidas, porem para tanto, deve existir dois dispostos, para aguentarem as peculiaridades e devaneios desse louco e insano amor, que tanto faz bem e machuca, além do que por mais que se fuja dele, no fim das contas como canta Cassia Eller na musica, meu mundo ficaria completo (com você) “o problema é que eu te amo”, no fundo todas as dificuldades só se tornam problemas, e em dores de cabeça, pela falta de amor, seja amor próprio ou o amor de alguém, pois junto se chega mais longe, estando com outra pessoa, tendo seu apoio, sua segurança, tudo se torna tranquilo e fácil. Ao mesmo tempo em que amor não retribuído vai sempre ser a causa de todos os problemas.

Então sempre esteja disposto, se encontre, seja você, lute pela sua verdade, faça o impossível, se acertar de primeira, parabéns, se não, mude de ares, se recrie, muitas vezes estamos certos, em outros errados, mas nunca desista, apenas curta e viva, vire umas paginas, volte paginas, rasgue outras, mas nunca feche o livro, pois todo dia é uma nova oportunidade, um mundo novo e cheio de oportunidades. 

"Quanto mais envelhecia, quanto mais insípidas me pareciam as pequenas satisfações que a vida me dava, tanto mais claramente compreendia onde eu deveria procurar a fonte das alegrias da vida. Aprendi que ser amado não é nada, enquanto amar é tudo (...).
O dinheiro não era nada, o poder não era nada. Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder, e mesmo assim era infeliz.
A beleza não era nada. Vi homens e mulheres belos, infelizes, apesar de sua beleza.
Também a saúde não contava tanto assim. Cada um tem a saúde que sente.
Havia doentes cheios de vontade de viver e havia sadios que definhavam angustiados pelo medo de sofrer.
A felicidade é amor, só isto.
Feliz é quem sabe amar. Feliz é quem pode amar muito.
Mas amar e desejar não é a mesma coisa.
O amor é o desejo que atingiu a sabedoria.
O amor não quer possuir.
O amor quer somente amar."
 Hermann Hesse



''E já não eram sós, ambos somavam entre si, não importava mais quem era a primeira ou a segunda pessoa, por que eles eram um só... E todos questionavam-se sobre quem seria o sujeito e quem seria o predicado.

Quem se conjugaria no pretérito e quem renunciaria... Ou seria, a forma "mais que perfeita"!Conjugavam-se de maneira irregular explicitando suas diferenças, reconhecendo os fragmentos e os complementos.Buscavam a medida certa.E assim... reconheceram-se juntos, sem necessidade de mais nada para se completar, por que juntos... Eles transbordavam!''
 O Teatro Mágico