segunda-feira, 28 de março de 2011

O vazio que vem da solidão


Alguns dias atrás, acabei por me deparar com uma poesia “igual-desigual”  de Carlos Drummond de Andrade, ela faz uma referencia de como todas as oportunidades e desvantagens são iguais, não importando onde nos estejamos, a sede, a fome, o medo, a angustia, a felicidade sempre serão iguais.
As pessoas cada vez mais estão se tornando mais chatas, depressivas e extremamente carentes. Sedentas, famintas de carinho, compreensão, companheirismo, em uma palavra amor. Existe uma moda, uma idéia de se cultuar o “EU”, esse egoísmo, essa falta de sensibilidade, de tato com o outro torna os relacionamentos inviáveis. Hoje em dia com a facilidade de se conhecer pessoas, de se relacionar, acabamos focando na nossa Carrera e tudo que as envolve para conseguirmos ter os resultados profissionais que sonhamos. Porem em contra partida, acabamos nos tornando pessoas mais solitárias, pessoas que não tem tempo para se “envolver”, temos a ilusão de que satisfazendo o nosso ego, conseguindo uma estabilidade profissional é mais importante do que investir numa relação. ( pessoas medrosas e egoístas são assim, preferem investir na Carrera, um investimento calculado, do que em um envolvimento, onde podem perde todo o investimento e terem que recomeçar do zero)

A utopia que nos envolve é descaradamente um mero conto de fadas onde as pessoas se prendem pelo simples fato de justificar suas escolhas mesquinhas e egoístas. Grande parte da população, vai seguindo a vida, com olhos tristes, sorrisos falsos e um vazio no peito, chegam em casa todo dia, se sentem solitárias, abandonadas, mas não fazem esforço algum para mudar, acham que focar nos estudos ou no trabalho vai fazer as coisas melhorarem, acabam conhecendo pessoas, se relacionam porem são impedidas de se envolver, vezes pelo egoísmo que as torna intransigente, outras pelo medo, pavor de correr riscos, de perde um pouco o foco de seus objetivos, e acabarem se decepcionando e caírem no sofrimento.
Notem como as coisas são cômicas, nos temos por habito um medo desmedido de sofrer, de nos envolver e acabar nos machucando, porem viver carente, sentindo falta de algo, emaranhado a solidão, buscando desesperadamente ocupações para nos convencer que temos pouco tempo para podermos nos apegar a alguém é uma forma masoquista de encontrar o sofrimento.
 Fugir não resolve nada,  é apenas uma forma de piorar as coisas, contos de fada não existem, sonho é sonho, realidade é realidade, as coisas não vão melhorar apenas por que se quer,  muito menos de um hora para outra, noticias ruins e boas se tem todo dia, porem o baixo astral sempre vai voltar. Essa é a forma que o organismo encontro para nos falar que estamos presos, acostumados a solidão e o sofrimento. As coisas mudam quando as pessoas mudam, quando tomam “atitudes”, quando aceitam que o NOS é mais importante que o EU, abra a mente, se reinvente, enfrente os medos de frente é única forma de superar o medo de envolvimento. Mas nem tudo são rosas, mudar nunca é fácil, vícios sempre voltaram, é uma luta constante, alem do que a felicidade nunca estará no outro, e sim em nos mesmos, um envolvimento verdadeiro apenas é um facilitador, e uma forma de preencher o nosso vazio. Nunca esqueça que entre apego e dependência existe uma fina linha tênue. Em vez de ficar reclamando da vida, e criando rugas de tristeza vá a luta, corra riscos, se jogue na vida de coração, se machuque, apanhe bastante, mas nunca desista, quem joga pode perder, mas apenas quem joga acaba saindo vitorioso.   

    
“Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre “ Clarice Lispector



Era uma vez um homem que tinha uma floricultura e alguém que vivia por entre flores, só podia entender muito de amor. Verdade, ele entendia! Tinha histórias muito interessantes para contar. Às vezes, eu criança ainda, passava por lá e o encontrava desocupado, sempre parava para ouvir algumas delas. Desde pequena, eu já percebia que aquele homem era um sábio em se tratando de amor e isso me anestesiava quando eu ouvia as histórias que ele vivenciara. Mas de todas as histórias que ele me contou, houve uma que eu nunca esqueci e vou contá-la para vocês exatamente como ele me contou.
"Pequena (ele me chamava assim), o amor não precisa ser dito, ele é sentido; e quando sentido, é possível vê-lo; ele toma formas reais, deixa de ser abstrato."
Eu pouco pude entender isso naquela ocasião, mas tive vontade de ver o amor com meus próprios olhos; tive curiosidade de saber se ele era perfeito, se era bonito, se irradiava luminosidade.
Bem... Mas vamos à história.
Era dia dos namorados, um rapaz entrou correndo em sua loja e disse-lhe:
- Por favor, senhor, providencie-me um buquê de flores.
- E que tipo de flores você quer?
- Qualquer tipo. Só quero que seja algo que faça vista; pode ser o mais caro que o senhor tiver aí.
- Está certo. Então tome o cartãozinho para você escrever
- Não tem necessidade, é para minha namorada e como hoje é o dia dos namorados, ela saberá que é meu.
- Você que sabe, mas no seu lugar, eu escreveria.
- Não posso, estou com muita pressa! Vou levar meu carro para lavar.
Depois que o rapaz se foi, o senhor ficou ali a pensar como alguém poderia enviar flores sem as escolher, sem escrever um cartão com uma bonita dedicatória... mas, enfim preparou um bonito buquê e mandou para o tal endereço pensando... "Coitada dessa moça!" Algumas horas depois, um outro rapaz entrou na sua loja.
- Senhor, por favor, eu quero mandar uma flor para alguém. Ela é muito especial, mas não tenho dinheiro suficiente para um buquê requintado; sendo assim, terá que ser somente uma rosa, mas faço questão que seja a mais linda que exista em sua floricultura.
- Pois bem, você quer escolhê-la ou prefere que eu escolha?
- Gostaria de escolher, mas aceito a sua sugestão porque tenho certeza que o senhor entende bem disso.
- Será um prazer! É sua namorada, não?
- Não senhor... ainda não... mas isso não é importante; o importante é que eu a amo e acho que hoje é um bom dia para dizer isso a ela.
- Muito bem, concordo com você.
- Talvez eu devesse escolher um botão de rosa, não acha?
Afinal, nosso amor ainda não floresceu.
- Muito bem pensado! Naquele instante o senhor percebeu que o rapaz, como ele, entendia de amor e com certeza estava vivendo um doce amor.
- Por favor, faça o invólucro mais bonito que o senhor puder fazer enquanto escrevo o cartão.
"Meu amor, estou lhe mandando esse botão de rosa juntamente com meu carinho. A mim, não importa que você não me ame, porque apesar do meu amor ser solitário ele é verdadeiro e sendo verdadeiro, confio que um dia poderá viver acompanhado do seu. Não tenho pressa, amor de verdade não tem pressa, amor de verdade não escraviza, nem exige, apenas se importa em doar. Um feliz dia dos namorados ao lado de quem você amar. Um beijo!"
Depois que escreveu o cartão, o rapaz entregou ao senhor e disse-lhe:
- Leia, por favor, e me dê a sua opinião.
- Perfeito, gostei muito; só faltou um pequeno detalhe, você esqueceu-se de assiná-lo.
- Não esqueci, não... É que não é importante, por enquanto, que ela saiba quem sou eu. Nesse momento eu só pretendo que ela sinta que eu existo.
O senhor sorriu e disse-lhe:
- Muito bem, meu filho, torço por você!
Passaram-se os dias, os meses e um novo dia dos namorados chegou e novamente o primeiro rapaz voltou à loja.
- Bom dia, senhor, lembra-se de mim?
- Lembro, sim, e então, como vai o namoro?
- Ih... O senhor nem imagina! Depois daquele dia dos namorados do ano passado, ela terminou comigo e eu nunca entendi a razão; agora já estou namorando outra.
- Mas ela não lhe deu nenhuma explicação?
- Ah! Deu sim... Uma explicação que eu não entendi. Ela me disse que eu a estava perdendo por causa de um botão de rosa. O senhor entende, não é? Bobagens de mulher.
- Entendo sim... Quem não entendeu foi você!
Não adianta um casal apenas sorrir juntos; eles precisam sorrir das mesmas coisas.
Não adianta apenas caminhar juntos; tem que ser na mesma direção.
Não adianta apenas mandar flores; é crucial que elas cheguem ao seu destino com o perfume.
Não adianta se fazer presente apenas de corpo; é de suma importância que a alma e o coração estejam presentes também.
NÃO BASTA SER NAMORADO É PRECISO ESTAR ENAMORADO! “