segunda-feira, 12 de julho de 2010

Obsessão pelo desconhecido

Muitas vezes pairando pelo Orkut, rua, ou tribos e aldeias de conhecidos, acabo por “conhecer” pessoas incrivelmente interessantes quando não apenas fascinantes. Isso teoricamente é normal, pelo menos em um mundo convencional isso é meramente aceitável. Porem esse fascínio que relato vem inexplicavelmente do fato de eu não conhecer essas incríveis pessoas. Fico um tanto confuso esse pensamento, mas é exatamente isso, sofro de uma irremediável obsessão pelo desconhecido. Em outras palavras o desconhecido apenas é interessante quando não o conheço. Pois de alguma forma um tanto incomum faço analises abstratas, uma interpretação sensacionalista.

As entendo, entro no mundo delas de cabeça, vivo suas frustrações, medos e alegrias. Acabo por sendo não os olhos delas, mais sim o narrador de suas biografias continuas. Não vejo o mundo que elas vêm, mas sim os porquês de suas vidas, o lado sombrio e claro de suas escolhas e oportunidades desperdiçadas. Mas essa influencia de mundos, essa simbiose de sensações, “realidades que eu sempre quis mais nunca vivi”, me escravizam, criando uma expectativa de que essas pessoas tenham mais para mostrar, que minha visão mesmo que profunda tenha deixado escapar algo.

Nesse ponto faço a casmurrice de tentar conhecer o desconhecido, procurando por pontas soltas, equívocos que eu tenha feito sobre o ser da minha obsessão. E cometo a tolice de confrontar intimamente, o que absorvo de conversas e de um “real” conhecimento da pessoa.

Estranhamente descubro que acabei acertando se não tudo, praticamente tudo que teorizei a respeito da pessoa, contudo isso se torna incrivelmente frustrante, pois já a conheço, acabo por me descobrir intolerante com a falta de perspectivas em relação à pessoa. O ser fascinante, incomum e encantador, acabam por perde seu brilho, sua soberania sobre mim.

Talvez a falta de surpresas em relação à pessoa me faz desvanecer, o fato de qualquer ação ou comportamento não me surpreenderem me faz perde o foco, tudo se torna banal de mais para eu conseguir digerir e ter vontade de continuar insistindo numa historia já descoberta.


""-Doutor, meu irmão é maluco, ele pensa que é uma galinha".

"Então, porque você não o interna?".
"-Bem, eu o internaria, mas acontece que preciso dos ovos".
"-Assim é como me sinto sobre relacionamentos, eles são completamente irracionais, malucos, absurdos, mas continuamos, insistimos porque a maioria de nós precisa dos ovos"."

"não quero ser sócio de nenhum clube que me aceite como sócio".